Atletas de alto desempenho, quando estão sob alta pressão, geralmente gostam de sentir um sabor que remeta à comida caseira, aliás, todos nós, se estamos em uma zona de desconforto, buscamos alguma compensação no alimento. E isso é o que podemos notar no cardápio dos jogadores brasileiros que participam do maior evento do futebol, a Copa do Mundo.
É claro que cada item da alimentação dos atletas deve ser, aprovado com antecedência por outro time, o dos profissionais de saúde, como nutrólogos, nutricionistas e médicos do esporte, considerando as necessidades individuais antes, durante e após os treinos. O desafio paralelo é — justamente para que cada jogador se sinta mais perto de casa quanto estiver à mesa — respeitar os hábitos alimentares, culturas regionais e até mesmo os sabores estrangeiros, rotina para aqueles que jogam, há algumas temporadas, fora do país. Esse é um desafio para o experiente chef gaúcho Jaime Maciel, que integra a CBF desde 1995 e tem vasta experiência em Copas do Mundo e outros torneios da nossa seleção.
Para começar o dia com uma alimentação equilibrada e sem proibicionismos, os jogadores têm uma variada opção de pães, além do tradicional leite, queijos, tapioca, frutas, achocolatados, além do presunto e peito de peru. A regra, segundo o chef Jaime Maciel é que eles possam comer à vontade.
No almoço e no jantar dos atletas, não pode faltar o arroz branco e o integral, agradando a todos os gostos. Há, ainda, duas opções de feijão, o preto e o carioquinha. Assim, cada um pode fazer a combinação de sua preferência da dupla mais verde-e-amarela da nutrição. Outros pratos regionais também fazem parte do cardápio dos atletas, com os sabores da nossa culinária nordestina, representados pela carne seca com jerimum, passando pelo frango com quiabo de Minas Gerais, chegando ao sul e sudeste do Brasil com as massas. O cardápio segue balanceado mais sem restrições, com quatro opções de proteínas, o peixe abadejo, a sempre pedida picanha e o frango, opções de sopa de legumes e caldos, além das diversas ofertas de sobremesa, com o pudim sendo a estrela do menu. O que chama bastante atenção — sendo a seleção um ótimo exemplo — é a ausência de radicalismos.
E claro que entre as principais refeições, nossos jogadores podem aquele lanchinho além da ceia que fecha a deita diária dos nossos jogadores – o menu que também preza pela variedade e pelo equilíbrio, incluindo torradas, patês, castanhas, frutas, sucos ou vitaminas e iogurtes. Importante percebermos que a alimentação dos atletas é dita como “saudável” porque qualquer alimento, dentro de uma dieta balanceada — isto é, em uma dieta que não falte nada nem ultrapasse a porção recomendada de cada nutriente — pode ser boa, e o contrário não faria sentido.
No menu os alimentos in natura são bastante presentes, e as porções de alimentos processados são moderadas, assim como há opções de bolos e até uma banana frita com canela e açúcar que, mais do que o valor nutricional, proporciona um aconchego, trazendo a sensação de um lar.
A questão da segurança alimentar também foi muito bem planejada — e nem poderia ser diferente. A equipe de nutrição é solicitada antes dos grandes eventos e viagens, para verificar a qualidade dos fornecedores dos ingredientes. O time responsável por essa avaliação não somente fazem a checagem desses alimentos, como das embalagens de tudo que faz parte da alimentação dos atletas. Também é necessário o controle microbiológico que qualquer tipo de risco de contaminação — como, por exemplo, a presença de pedaços de insetos ou resíduos de metais pesados.
A preocupação não é apenas a de evitar que algum jogador tenha uma dor de barriga comprometedora ou fique doente. Imagine que um dos nossos atletas tome uma bebida contaminada com substâncias capazes de estimular o sistema nervoso central. Ele poderia, em tese, ser acusado injustamente de doping.
Falamos muito dos jogadores, mas a comissão técnica come as mesmas coisas que os atletas, totalizando cinco refeições principais: café da manhã, almoço, lanche da tarde, jantar e ceia.
Durante os treinamentos há sempre alguma coisa para os jogadores. Eles comem a cada duas ou a cada três horas, segundo o chef da delegação brasileira.
Quando o assunto é bebida alcoólica, o cenário muda, o consumo é estritamente proibido. Nem um drink aperitivo é permitido, e nossos jogadores ficam somente com as opções de água, vitaminas e sucos naturais.
Se depender de uma alimentação adequada, analisando o cardápio, cuidados com os ingredientes, variedade e quantidade, a seleção brasileira está mais que preparada para nos trazer o Hexacampeonato.